Maquiavel - Anotações importantes

Maquiavel (1469-1527)

Biografia

Nasceu em Florença em 1469, um período em que a Itália era dividida em principados que passavam constantemente por guerras. Até 1494, devido aos esforços de Lourenço de Médici houve alguma estabilidade, com o território italiano dividido em cinco blocos: "ao sul, o reino de Nápoles, nas mãos dos Aragãos; no centro, os estados papais controlados pela igreja e a república de Florença, presidida pelos Médicis; ao norte, o ducado de Milão e a república de Veneza." (Weffort, F., 2008)

Porém, no final do século, a estabilidade se dissipou. Maquiavel viveu essa instabilidade desde a sua adolescência. Já adulto, ocupou cargos na administração pública, mas quando os Médici retomam o poder foi demitido (1512). Estava proibido de abandonar Florença, não podia frequentar prédios públicos e em 1513 foi considerado suspeito de conspirar contra os Médici. Foi torturado, preso e condenado a pagar pesada multa. Pela intercessão de um amigo é solto, mas não consegue voltar a trabalhar na administração pública. Vai morar em São Casciano onde a família tinha residência e dedica-se aos clássicos e produz suas obras sobre política.

 

Princípios da política

A política deve ser observada na sua realidade concreta. Os pensadores dedicaram-se a dizer como ela deveria ser, mas não foram capazes de levar tal Estado à existência. A pergunta de Maquiavel: como instituir um Estado Estável?

O fundamento do estudo sobre o Estado é a sua face bruta na história do mundo. Por isso, Maquiavel estuda a antiguidade clássica e a prática de suas políticas, buscando alguns traços imutáveis.

Natureza humana: os homens "são ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante o perigo, ávidos de lucro" (O príncipe, XVII)

O poder político obedece a uma ordem mundana, não se submetendo a princípios metafísicos. A natureza humana sempre escapa às tentativas de domesticação incentivadas pelos metafísicos. E a disputa pelo poder segue os interesses e paixões humanas.

Entre estabilidade e instabilidade temos duas forças conflitantes: 1- o desejo do povo de não ser subjugado pelos grandes; 2-os grandes querem dominar e oprimir o povo. A tarefa política é encontrar o termo aceitável entre os dois.

Duas possibilidades: principado e república. O príncipe deve ser um fundador do Estado contra a anarquia social, salvando o povo da desintegração. Para as sociedades em equilíbrio, pensa que a solução é a república: funciona para um povo virtuoso com instituições estáveis. Podem viver conflitos internos pois será sinal de uma cidadania ativa que renova a vida política.

 

Como o príncipe deve governar?

A Itália precisava de um Príncipe para acabar com as infinitas disputas que levavam prejuízo ao povo italiano. Para isso, o príncipe deveria ter a virtú e saber lidar com a fortuna.

A fortuna representa o imprevisível e o acaso, tudo o que escapa das previsões e planejamentos, podendo ser benéfico ou trazer problemas. Tais infortúnios são parte da realidade e um príncipe precisará lidar com eles.  A sensatez diante da bonança, as alianças pretensamente seguras e as precauções calculadas podem não ser suficientes contra o inesperado. É necessária uma capacidade de lidar de forma prática e eficiente com tais adversidades, usando de todos os recursos possíveis para não perder o poder; mantendo a ordem e estabilidade social. O homem virtuoso, o homem com virtú, é o que lida bem com a fortuna.

“E não foram poucos os que imaginaram repúblicas e principados que nunca se viram nem se verificaram na realidade. Todavia a distância entre o como se vive e o como se deveria viver é tão grande que quem deixa o que se faz pelo que se deveria fazer contribui rapidamente para a própria ruína e compromete sua preservação: porque o homem que quiser ser bom em todos os aspectos terminará arruinado entre tantos que não são bons. Por isso é preciso que o príncipe aprenda, caso queira manter-se no poder, a não ser bom e a valer-se disso segundo a necessidade.” (Maquiavel. O príncipe. XV. Das coisas pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados.)